A música, intitulada “How Many People”, foi lançada pelo artista inglês em 1989, um ano após o assassinato do líder ambiental.
“How Many People” é uma das faixas de “Flowers in the Dirty” (“Flores na Sujeira”, em português), o oitavo álbum solo de Paul McCartney.
O célebre disco tem ainda quatro canções que McCartney compôs em parceria com o britânico Elvis Costello, e tem participação de David Glimour (foto), lendário guitarrista do Pink Floyd, na faixa “We Got Married”.
McCartney compôs “How Many People” (“Quantas Pessoas”) impactado pelo brutal assassinato de Chico Mendes. A canção reflete sobre as injustiças sociais e quem luta contra elas.
O cantor falou sobre o quanto a história de Chico Mendes o inspirou em depoimento para o vídeo “Chico Mendes: O Homem da Floresta”, lançado em 2008.
“Fiquei impressionado com a luta de Chico mendes pela Floresta Amazônica. E ele foi assassinado pela máfia local, sabe como é. Se existissem muitos, mas só alguns poucos estão dispostos a salvar o planeta. É tão absurdo, como uma coisa dessas acontece?”, declarou o músico inglês.
“Então eu pensei, o mínimo que eu posso fazer é mencionar isso em algum lugar, por isso dediquei a ele. Até porque qualquer um com um pouco de bom senso hoje em dia é ecologicamente correto”, completou.
Em 1990, durante show da turnê do novo disco no estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, Paul McCartney cantou “How Many People”. A apresentação para 184 mil pessoas foi a de maior público do Rio de Janeiro até aquela ocasião.
Francisco Alves Mendes Filho, conhecido como Chico Mendes, é um dos nomes mais importantes da luta ambientalista mundial.
Nascido no seringal Porto Rico, localizado no município de Xapuri, no interior do Acre, em 15 de dezembro de 1944, ele foi um líder sindicalista seringueiro da Amazônia.
Em 22 de dezembro de 1988, uma semana após completar 44 anos, Chico Mendes foi assassinado com um tiro de escopeta quando tomava banho, na parte dos fundos de sua casa, em Xapuri.
O autor dos disparos foi Darci Alves, filho de Darly Alves, um grileiro de terras da região. Em 1990, os dois foram condenados a 19 anos de prisão. Eles fugiram do presídio em 1993, mas foram recapturados três anos depois.
Chico Mendes idealizou ao lado de lideranças indígenas a Aliança dos Povos da Floresta, movimento social pela preservação de territórios, recursos naturais e povos da Amazônia.
O legado de Chico Mendes é mantido por seus três filhos e a viúva, Ilzamar Mendes, com a ONG Instituto Chico Mendes. Em Rio Branco, capital do Acre, um parque ambiental e uma via levam o nome do ativista ambiental.
Em agosto de 2007, foi criado o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, uma autarquia vinculada ao Ministério do Meio Ambiente destinada a propor, implantar, gerir, proteger e fiscalizar as unidades de conservação do país.
A casa em que o líder seringueiro viveu é palco de visitação pública em Xapuri. Em 2007, ela foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O local ou por obras de manutenção e reforma, sendo reaberta em novembro de 2023.
Em 16 de dezembro de 2013, foi criada uma lei (12.892) declarando Chico Mendes patrono nacional do meio ambiente.
Chico Mendes travava luta contra o desmatamento que afeta o trabalho dos seringueiros da região amazônica. Os seringueiros extraem o látex das árvores seringueiras, material que é transformado na borracha natural.
Ele tornou-se líder sindical no Acre e juntou-se a outros seringueiros da região em ações de resistência denominadas “empates”, confiscando motosserras e criando obstáculos aos trabalhos dos pecuaristas.
Em 1988, ano de sua morte, Chico Mendes recebeu a medalha de meio ambiente da Better World Society, nos Estados Unidos. Três anos antes, ele havia sido premiado com o Global 500 da ONU em reconhecimento por sua luta em defesa da Floresta Amazônica.
Marina Silva, atual ministra do Meio-Ambiente, conviveu com Chico Mendes. Nascida no Acre, ela foi eleita líder em votos para vereadora de Rio Branco, capital do Acre, com apoio do líder seringueiro.